quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O dia do flamenguista

Não tem como deixar de lembrar o mais querido no seu dia. Minha maior paixão, meu amor verdadeiro. Flamengo, tu es tudo e não me pede nada. Nada como um maraca lotado, nada como ver você vencer. Es a única nação de verdade, que sente orgulho. Se todos brasileiros fossem como os flamenguistas o Brasil seria um país bem melhor. Excelente texto de Rica Perrone

“Cada brasileiro, vivo ou morto já foi Flamengo por um instante, por um dia.“, disse Nelson Rodrigues, fanático tricolor desprovido de vaidades clubisticas na hora de analisar futebol.

Hoje, 28 de outubro, é o dia do flamenguista. Hoje, 28 de outubro de 2010, é o dia seguinte a um jogo onde o Flamengo não brigava por nada no campeonato. Está fora de Libertadores, título, qualquer ambição grandiosa.

Hoje, como sempre, líder ou fora da briga, a capa dos jornais terá o tal do Flamengo.

Decidindo titulo ou não, lá estarão milhares de torcedores, em outro estado, fazendo com que o tal do Flamengo jogue em casa quando deveria atuar fora.

No outro domingo, onde todos jogam mais uma rodada, lá estará ele, de novo, jogando com 12, burlando o regulamento básico do futebol.

E se o time perder, não muda nada. Vão se revoltar, xingar, protestar e, daqui 3 meses, lá estarão eles fazendo juras de amor ao time num clássico qualquer pelo campeonato estadual, aquele que nem eles aguentam mais vencer.

O time mais inexplicável do planeta terra, sem dúvida.

Não ganhava o principal titulo nacional desde 1992. Lá se foram mais de 17 anos e a torcida diminui? Não, aumentou. Segundo pesquisa, a maior entre as crianças do país.

Quando ninguém dá nada pra eles, chegam e surpreendem a todos. Quando todos esperam muito, ele perde e decepciona sua nação.

Favorito em tudo que disputa, simplesmente pelo citado acima. Ninguém é capaz de saber o que esperar do Flamengo, nunca.

E quando eventualmente não tem um time capaz de ser campeão, a cobrança é como se tivesse. Ou seja, não existem jogadores no Flamengo. Existe o Flamengo e ponto final.

Única torcida do planeta que paga ingresso por 2 espetáculos. Um no campo, como todas elas, e outro que ela mesmo proporciona.

O flamenguista vai ao Maracanã pra curtir o time, o jogo, o clima e a própria torcida. É único.

Talvez uma das raras torcidas do mundo que tenha dezenas de ídolos, mas que não há discussão sobre o maior.

Existe o Zico e o resto. E o “resto” inclui, talvez, os dois melhores laterais que o mundo já viu em cores. Leandro e Junior.

A Nação rubro-negra não tem esse nome a toa. São 35 milhões de torcedores, e vejamos:

A cidade mais populosa do mundo é Tóquio. E tem 34 milhões de pessoas.

A maior do Brasil é são Paulo, com 19.

O Flamengo, sozinho, tem 35. Se cobrasse impostos seria trilhardário.

Não cobra, e vive devendo.

Deve milhões, e isso não faz a menor diferença.

Ao contrário do amor que tanto exaltamos, este não vai embora quando o amado fica pobre. É amor de verdade, o mais puro que existe.

Incondicional, este sim.

Aquele que não analisa, que não raciocina, que não condiciona a nada.

A nação poderia dizer, sem culpa: “Eu te amo, e pronto”.

Não interessa porque, como, quando e nem sob quais condições.

É maior, é inexplicável.

Ser Flamengo é algo que não tem comparação. Eu não nasci assim, e nem ouso dizer se felizmente ou infelizmente.

Flamenguista é aquele sujeito que ama futebol acima do que ele o proporciona. Aquele que não troca amor por resultados, e que não condiciona sua preferencia por um ou outro jogador.

Por aí existe o Santos de Pelé, o São Paulo de Rogério Ceni, o Palmeiras de Ademir.

Lá existe o Zico do Flamengo.

A ordem é sempre inversa. Os valores são sempre diferentes.

Ser flamenguista não torna ninguém melhor do que os outros, nem pior. Diferente, sem dúvida.

Ser maioria é algo que fortalece. É infinito, porque a nação não tem fim, e nem deixará de ser a maior torcida do país nos próximos 200 anos.

Odiar o Flamengo é absolutamente justificavel.

Qualquer um fica irritado em ganhar titulos e mais titulos e ver que a capa do jornal não muda de foto. É sempre a do Flamengo.

Qualquer um se incomoda em saber que titulos e dividas menores não conseguem sobrepor a importancia de um clube que tem sua grandeza baseada em nada atual e concreto.

É grande. Porque? Porque é.

Pode existir algo maior do que o que não se explica?

Entrar num Maracanã lotado e olhar pra aquela torcida é algo que apenas eles sabem o que é, o que significa e o quanto importa.

“Torcida não ganha jogo”, dizem.

“Só se for a sua”, eles dirão.

Hoje é dia do flamenguista.

Você não é Flamenguista?

Que pena.

por Rica Perrone, torcedo São-paulino


quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Um discurso histórico de Lula

Muito bom o post do biscoito fino e a massa. Presidente num discurso inflamado. Faço das palavras do biscoito as minhas.

"Na avalanche de informações e escândalos própria ao período pré-eleitoral, é comum que acontecimentos muito importantes deixem de receber a atenção devida. Basta dizer que na semana passada, o anúncio do IBGE, de que havíamos atingido a menor taxa de desemprego da história da República, recebeu no Jornal Nacional aproximadamente dez segundos, enquanto sete minutos eram dedicados a uma bolinha de papel.

Neste espírito, convido os leitores que ainda não viram a que assistam esse discurso improvisado do "presidente analfabeto". É um pronunciamento histórico. "



terça-feira, 19 de outubro de 2010

Mulher, não vá se afobar. Não tem que pôr a mesa, nem dá lugar

Eu até estava pensando em mudar de ideia e votar no Serra, mas um tal de Buarque me convenceu do contrario. hehehehehehe

Uma seleção brasileira da arte e do pensamento



Uma seleção brasileira da arte e do pensamento

FOTO: Roberto Stuckert Filho

18.10.2010

O Teatro Casa Grande, no Rio de Janeiro, não escapou de seu destino. Fundado em 1966, foi palco da resistência à ditadura militar protagonizada pela classe artística e intelectual brasileira. No 18 de outubro de 2010, os personagens voltaram ao palco para mais um ato: resistir ao retrocesso dos tucanos. Com Dilma Rousseff, mestres da literatura e da música, artistas e filósofos defenderam a dignidade reconquistada, a reconstrução do Estado e a soberania nacional.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Dez falsos motivos para não votar na Dilma

por Jorge Furtado em 25 de julho de 2010

Tenho alguns amigos que não pretendem votar na Dilma, um ou outro até diz que vai votar no Serra. Espero que sigam sendo meus amigos. Política, como ensina André Comte-Sponville, supõe conflitos: “A política nos reúne nos opondo: ela nos opõe sobre a melhor maneira de nos reunir”.

Leio diariamente o noticiário político e ainda não encontrei bons argumentos para votar no Serra, uma candidatura que cada vez mais assume seu caráter conservador. Serra representa o grupo político que governou o Brasil antes do Lula, com desempenho, sob qualquer critério, muito inferior ao do governo petista, a comparação chega a ser enfadonha, vai lá para o pé da página, quem quiser que leia. (1)

Ouvi alguns argumentos razoáveis para votar em Marina, como incluir a sustentabilidade na agenda do desenvolvimento. Marina foi ministra do Lula por sete anos e parece ser uma boa pessoa, uma batalhadora das causas ambientalistas. Tem, no entanto (na minha opinião) o inconveniente de fazer parte de uma igreja bastante rígida, o que me faz temer sobre a capacidade que teria um eventual governo comandado por ela de avançar em questões fundamentais como os direitos dos homossexuais, a descriminalização do aborto ou as pesquisas envolvendo as células tronco.

Ouço e leio alguns argumentos para não votar em Dilma, argumentos que me parecem inconsistentes, distorcidos, precários ou simplesmente falsos. Passo a analisar os dez mais freqüentes.

1. “Alternância no poder é bom”.

Falso. O sentido da democracia não é a alternância no poder e sim a escolha, pela maioria, da melhor proposta de governo, levando-se em conta o conhecimento que o eleitor tem dos candidatos e seus grupo políticos, o que dizem pretender fazer e, principalmente, o que fizeram quando exerceram o poder. Ninguém pode defender seriamente a idéia de que seria boa a alternância entre a recessão e o desenvolvimento, entre o desemprego e a geração de empregos, entre o arrocho salarial e o aumento do poder aquisitivo da população, entre a distribuição e a concentração da riqueza. Se a alternância no poder fosse um valor em si não precisaria haver eleição e muito menos deveria haver a possibilidade de reeleição.

2. “Não há mais diferença entre direita e esquerda”.

Falso. Esquerda e direita são posições relativas, não absolutas. A esquerda é, desde a sua origem, a posição política que tem por objetivo a diminuição das desigualdades sociais, a distribuição da riqueza, a inserção social dos desfavorecidos. As conquistas necessárias para se atingir estes objetivos mudam com o tempo. Hoje, ser de esquerda significa defender o fortalecimento do estado como garantidor do bem-estar social, regulador do mercado, promotor do desenvolvimento e da distribuição de riqueza, tudo isso numa sociedade democrática com plena liberdade de expressão e ampla defesa das minorias. O complexo (e confuso) sistema político brasileiro exige que os vários partidos se reúnam em coligações que lhes garantam maioria parlamentar, sem a qual o país se torna ingovernável. A candidatura de Dilma tem o apoio de políticos que jamais poderiam ser chamados de “esquerdistas”, como Sarney, Collor ou Renan Calheiros, lideranças regionais que se abrigam principalmente no PMDB, partido de espectro ideológico muito amplo. José Serra tem o apoio majoritário da direita e da extrema-direita reunida no DEM (2), da “direita” do PMDB, além do PTB, PPS e outros pequenos partidos de direita: Roberto Jefferson, Jorge Bornhausen, ACM Netto, Orestes Quércia, Heráclito Fortes, Roberto Freire, Demóstenes Torres, Álvaro Dias, Arthur Virgílio, Agripino Maia, Joaquim Roriz, Marconi Pirilo, Ronaldo Caiado, Katia Abreu, André Pucinelli, são todos de direita e todos serristas, isso para não falar no folclórico Índio da Costa, vice de Serra. Comparado com Agripino Maia ou Jorge Bornhausen, José Sarney é Che Guevara.

3. “Dilma não é simpática”.

Argumento precário e totalmente subjetivo. Precário porque a simpatia não é, ou não deveria ser, um atributo fundamental para o bom governante. Subjetivo, porque o quesito “simpatia” depende totalmente do gosto do freguês. Na minha opinião, por exemplo, é difícil encontrar alguém na vida pública que seja mais antipático que José Serra, embora ele talvez tenha sido um bom governante de seu estado. Sua arrogância com quem lhe faz críticas, seu destempero e prepotência com jornalistas, especialmente com as mulheres, chega a ser revoltante.

4. “Dilma não tem experiência”.

Argumento inconsistente. Dilma foi secretária de estado, foi ministra de Minas e Energia e da Casa Civil, fez parte do conselho da Petrobras, gerenciou com eficiência os gigantescos investimentos do PAC, dos programas de habitação popular e eletrificação rural. Dilma tem muito mais experiência administrativa, por exemplo, do que tinha o Lula, que só tinha sido parlamentar, nunca tinha administrado um orçamento, e está fazendo um bom governo.

5. “Dilma foi terrorista”.

Argumento em parte falso, em parte distorcido. Falso, porque não há qualquer prova de que Dilma tenha tomado parte de ações “terroristas”. Distorcido, porque é fato que Dilma fez parte de grupos de resistência à ditadura militar, do que deve se orgulhar, e que este grupo praticou ações armadas, o que pode (ou não) ser condenável. José Serra também fez parte de um grupo de resistência à ditadura, a AP (Ação Popular), que também praticou ações armadas, das quais Serra não tomou parte. Muitos jovens que participaram de grupos de resistência à ditadura hoje participam da vida democrática como candidatos. Alguns, como Fernando Gabeira, participaram ativamente de seqüestros, assaltos a banco e ações armadas. A luta daqueles jovens, mesmo que por meios discutíveis, ajudou a restabelecer a democracia no país e deveria ser motivo de orgulho, não de vergonha.

6. “As coisas boas do governo petista começaram no governo tucano”.

Falso. Todo governo herda políticas e programas do governo anterior, políticas que pode manter, transformar, ampliar, reduzir ou encerrar. O governo FHC herdou do governo Itamar o real, o programa dos genéricos, o FAT, o programa de combate a AIDS. Teve o mérito de manter e aperfeiçoá-los, desenvolvê-los, ampliá-los. O governo Lula herdou do governo FHC, por exemplo, vários programas de assistência social. Teve o mérito de unificá-los e ampliá-los, criando o Bolsa Família. De qualquer maneira, os resultados do governo Lula são tão superiores aos do governo FHC que o debate “quem começou o quê” torna-se irrelevante.

7. “Serra vai moralizar a política”.

Argumento inconsistente. Nos oito anos de governo tucano-pefelista - no qual José Serra ocupou papel de destaque, sendo escolhido para suceder FHC - foram inúmeros os casos de corrupção, um deles no próprio Ministério da Saúde, comandado por Serra, o superfaturamento de ambulâncias investigado pela “Operação Sanguessuga”. Se considerarmos o volume de dinheiro público desviado para destinos nebulosos e paraísos fiscais nas privatizações e o auxílio luxuoso aos banqueiros falidos, o governo tucano talvez tenha sido o mais corrupto da história do país. Ao contrário do que aconteceu no governo Lula, a corrupção no governo FHC não foi investigada por nenhuma CPI, todas sepultadas pela maioria parlamentar da coligação PSDB-PFL. O procurador da república ficou conhecido com “engavetador da república”, tal a quantidade de investigações criminais que morreram em suas mãos. O esquema de financiamento eleitoral batizado de “mensalão” foi criado pelo presidente nacional do PSDB, senador Eduardo Azeredo, hoje réu em processo criminal. O governador José Roberto Arruda, do DEM, era o principal candidato ao posto de vice-presidente na chapa de Serra, até ser preso por corrupção no “mensalão do DEM”. Roberto Jefferson, réu confesso do mensalão petista, hoje apóia José Serra. Todos estes fatos, incontestáveis, não indicam que um eventual governo Serra poderia ser mais eficiente no combate à corrupção do que seria um governo Dilma, ao contrário.

8. “O PT apóia as FARC”.

Argumento falso. É fato que, no passado, as FARC ensaiaram uma tentativa de institucionalização e buscaram aproximação com o PT, então na oposição, e também com o governo brasileiro, através de contatos com o líder do governo tucano, Arthur Virgílio. Estes contatos foram rompidos com a radicalização da guerrilha na Colômbia e nunca foram retomados, a não ser nos delírios da imprensa de extrema-direita. A relação entre o governo brasileiro e os governos estabelecidos de vários países deve estar acima de divergências ideológicas, num princípio básico da diplomacia, o da auto-determinação dos povos. Não há notícias, por exemplo, de capitalistas brasileiros que defendam o rompimento das relações com a China, um dos nossos maiores parceiros comerciais, por se tratar de uma ditadura. Ou alguém acha que a China é um país democrático?

9. “O PT censura a imprensa”.

Argumento falso. Em seus oito anos de governo o presidente Lula enfrentou a oposição feroz e constante dos principais veículos da antiga imprensa. Esta oposição foi explicitada pela presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) que declarou que seus filiados assumiram “a posição oposicionista (sic) deste país”. Não há registro de um único caso de censura à imprensa por parte do governo Lula. O que há, frequentemente, é a queixa dos órgãos de imprensa sobre tentativas da sociedade e do governo, a exemplo do que acontece em todos os países democráticos do mundo, de regulamentar a atividade da mídia.


10. “Os jornais, a televisão e as revistas falam muito mal da Dilma e muito bem do Serra”.

Isso é verdade. E mais um bom motivo para votar nela e não nele.

x


(1) Alguns dados comparativos dos governos FHC e Lula.

Geração de empregos:
FHC/Serra = 780 mil x Lula/Dilma = 12 milhões

Salário mínimo:
FHC/Serra = 64 dólares x Lula/Dilma = 290 dólares

Mobilidade social (brasileiros que deixaram a linha da pobreza):
FHC/Serra = 2 milhões x Lula/Dilma = 27 milhões

Risco Brasil:
FHC/Serra = 2.700 pontos x Lula/Dilma = 200 pontos

Dólar:
FHC/Serra = R$ 3,00 x Lula/Dilma = R$ 1,78

Reservas cambiais:
FHC/Serra = menos 185 bilhões de dólares x Lula/Dilma = mais 239 bilhões de dólares

Relação crédito/PIB:
FHC/Serra = 14% x Lula/Dilma = 34%

Inflação:
FHC/Serra =12,5% (2002) x Lula/Dilma = 4,7% (2009)

Produção de automóveis:
FHC/Serra = queda de 20% x Lula/Dilma = aumento de 30%

Taxa de juros:
FHC/Serra = 27% x Lula/Dilma = 10,75%


(2) Elio Gaspari, na Folha de S.Paulo de 25.07.10:

José Serra começou sua campanha dizendo: "Não aceito o raciocínio do nós contra eles", e em apenas dois meses viu-se lançado pelo seu colega de chapa numa discussão em torno das ligações do PT com as Farc e o narcotráfico. Caso típico de rabo que abanou o cachorro. O destempero de Indio da Costa tem método. Se Tupã ajudar Serra a vencer a eleição, o DEM volta ao poder. Se prejudicar, ajudando Dilma Rousseff, o PSDB sairá da campanha com a identidade estilhaçada. Já o DEM, que entrou na disputa com o cocar do seu mensalão, sairá brandindo o tacape do conservadorismo feroz que renasceu em diversos países, sobretudo nos Estados Unidos.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

"Cansei...Basta"! Vou votar no Serra"

Cansei de ir ao supermercado e encontrá-lo cheio. O alimento está barato
demais. O salário dos pobres aumentou e qualquer um agora se mete a comprar
carne, queijo, presunto, hambúrguer e iogurte.

Cansei dos bares e restaurantes lotados nos fins de semana. Se sobra algum,
a gentalha toda vai para a noite. Cansei dessa demagogia.
Cansei de ir em Shopping e ver a pobreza comprando e desfilando com seus
celulares.
O governo reduziu os impostos para os computadores. A Internet virou coisa
de qualquer um. Pode? Até o filho da manicure, pedreiro, catador de papel,
agora navega...
Cansei dos estacionamentos sem vaga. Com essa coisa de juro a juro baixo,
todo mundo tem carro, até a minha empregada. " É uma vergonha! ", como
dizia o Boris Casoy. Com o Serra os congestionamentos vão acabar porque,
como em S.Paulo, vai instalar postos de pedágio nas estradas brasileiras a
cada 35
km e cobrar caro.
Cansei da moda banalizada. Agora, qualquer um pode botar uma confecção. Tem
até crédito oferecido pelo governo. O que era exclusivo da Oscar Freire,
agora, se vende até no camelô da 25 de Março e no Braz.
Vergonha, vergonha, vergonha...
Cansei de ir a banco e ver aquela fila de idosos no Caixa Preferencial,
todos trabalhando de office-boys.
Cansei dessa coisa de biodiesel, de agricultura familiar. O caseiro do meu
sítio agora virou "empreendedor" no Nordeste. Pode?
Cansei dessa coisa assistencialista de Bolsa Família. Esse dinheiro poderia
ser utilizado para abater a dívida dos empresários de comunicação (Globo,
SBT, Band, RedeTV, CNT, Fôlha SP, Estadão, etc.). A coitada da "Veja"
passando dificuldade e esse governo alimentando gabiru em Pernambuco. É o
fim do mundo.
Cansei dessa história de PROUNI, que botou esses tipinhos, sem berço, na
universidade. Até índio, agora, vira médico e advogado. É um desrespeito...
Meus filhos, que foram bem criados, precisam conviver e competir com essa
raça.
Cansei dessa história de Luz para Todos. Os capiaus, agora, vão assistir TV
até tarde. E, lógico, vão acordar ao meio-dia. Quem vai cuidar da lavoura
do Brasil? Diga aí, seu Lula...
Cansei dessa história de facilitar a construção e a compra da casa própria.
E os coitados que vivem de cobrar aluguéis? O que será deles? Cansei dessa
palhaçada da desvalorização do dólar. Agora, qualquer um tem MP3, celular e
câmera digital. Qualquer umazinha, aqui do prédio, vai passar férias no
Exterior. É o fim...
Vou votar no Serra. Cansei, vou votar no Serra, porque quero de volta as
emoções fortes do governo de FHC, quero investir no dólar em disparada e
aproveitar a inflação. Investir em ações de Estatais quase de graça e
vender com altos lucros. Chega dessa baboseira politicamente correta, dessa
hipocrisia de cooperação. O motor da vida é a disputa, o risco... Quem
pode, pode, quem não pode, se fode. Tenho culpa se meu pai era mais esperto que
os outros para ganhar dinheiro comprando ações de Estatais quase de graça?
Eles que vão trabalhar, vagabundos, porque no capitalismo vence quem tem
mais competência. É o único jeito de organizar a sociedade, de mostrar quem
é superior e quem é inferior.
Quero os 500 anos de oligarquia autoritária, corrupta e escravizante de
volta. Quero também os Arminios Fragas & outros pulhas, que transformaram a
Vale e a Embratel em meros ativos para vender a preço de banana para os
"amigos do rei". Quero de volta a quadrilha do FHC, escondendo escândalos,
maracutaias e compra de votos no Congresso. Onde já se viu: nesta terra sem
lei chamada Brasil, só a direita corrupta tem o direito de roubar, o resto
tem que trabalhar duro, com salário de fome para que os tubarões,
empresários e banqueiros, comprarem seus jatinhos e iates além de mandarem
dinheiro para paraísos fiscais. Quero o Serra & quadrilha fazendo pelo país o
que fez com os funcionários públicos, professores, médicos e policiais do
estado de São Paulo passarem 14 anos a míngua. Tem que arrebentar essa
pobralhada.
Eu ia anular, mas cansei. Basta! Vou votar no Serra. Quero ver essa
gentalha no lugar que lhe é devido. Quero minha felicidade de volta!



E você, vota em quem???

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Marina, você se pintou?

“Marina, morena Marina, você se pintou” – diz a canção de Caymmi. Mas é provável, Marina, que pintaram você. Era a candidata ideal: mulher, militante, ecológica e socialmente comprometida com o “grito da Terra e o grito dos pobres”, como diz Leonardo.

Dizem que escolheu o partido errado. Pode ser. Mas, por outro lado, o que é certo neste confuso tempo de partidos gelatinosos, de alianças surreais e de pragmatismo hiperbólico? Quem pode atirar a primeira pedra no que diz respeito a escolhas partidárias?

Mas ainda assim, Marina, sua candidatura estava fadada a não decolar. Não pela causa que defende, não pela grandeza de sua figura. Mas pelo fato de que as verdadeiras causas que afetam a população do Brasil não interessam aos financiadores de campanha, às elites e aos seus meios de comunicação. A batalha não era para ser sua. Era de Dilma contra Serra. Do governo Lula contra o governo do PSDB/DEM. Assim decidiram as “famiglias” que controlam a informação no país. E elas não só decidiram quem iria duelar, mas também quiseram definir o vencedor. O Estadão dixit: Serra deve ser eleito.

Mas a estratégia de reconduzir ao poder a velha aliança PSDB/DEM estava fazendo água. O povo insistia em confirmar não a sua preferência por Dilma, mas seu apreço pelo Lula. O que, é claro, se revertia em intenção de voto em sua candidata. Mas “os filhos das trevas são mais espertos do que os filhos da luz”. Sacaram da manga um ás escondido. Usar a Marina como trampolim para levar o tucano para o segundo turno e ganhar tempo para a guerra suja.

Marina, você, cujo coração é vermelho e verde, foi pintada de azul. “Azul tucano”. Deram-lhe o espaço que sua causa nunca teve, que sua luta junto aos seringueiros e contra as elites rurais jamais alcançaria nos grandes meios de comunicação. A Globo nunca esteve ao seu lado. A Veja, a FSP, o Estadão jamais se preocuparam com a ecologia profunda. Eles sempre foram, e ainda são, seus e nossos inimigos viscerais.

Mas a estratégia deu certo. Serra foi para o segundo turno, e a mídia não cansa de propagar a “vitória da Marina”. Não aceite esse presente de grego. Hão de descartá-la assim que você falar qual é exatamente a sua luta e contra quem ela se dirige.

“Marina, você faça tudo, mas faça o favor”: não deixe que a pintem de azul tucano. Sua história não permite isso. E não deixe que seus eleitores se iludam acreditando que você está mais perto de Serra do que de Dilma. Que não pensem que sua luta pode torná-la neutra ou que pensem que para você “tanto faz”. Que os percalços e dificuldades que você teve no Governo Lula não a façam esquecer os 8 anos de FHC e os 500 anos de domínio absoluto da Casagrande no país cuja maioria vive na senzala. Não deixe que pintem “esse rosto que o povo gosta, que gosta e é só dele”.

Dilma, admitamos, não é a candidata de nossos sonhos. Mas Serra o é de nossos mais terríveis pesadelos. Ajude-nos a enfrentá-lo. Você não precisa dos paparicos da elite brasileira e de seus meios de comunicação. “Marina, você já é bonita com o que Deus lhe deu”.

Maurício Abdalla é Professor de filosofia da UFES, autor de Iara e a Arca da Filosofia (Mercuryo Jovem), dentre outros.