segunda-feira, 27 de julho de 2009

A maconha em 1950 no Rio de Janeiro

Comprava-se maconha quase abertamente na Lapa em 1951. Um dos points era a calçada do bar Primor e do cinema Colonial, no largo da Lapa, de frente ao ponto dos bondes. Os fornecedores eram os garotos que vendiam cigarros nos tabuleiros. Nesse tabuleiros, entre os inocentes Lincoln, Caporal Douradinho, Liberty Ovais e outras marcas comerciais, podia-se escolher entre os cigarros que já vinham enroladinhos em três diâmetros e preços diferentes: "fino", "dolar" e, o mais grosso, "charo". Não há registro de cotações da época, mas diz-se que eram até baratos, considerando-se sua excepcional qualidade - sem dúvida, para conquistar freguesia. Na intimidade, a maconha era chamada de "mato", "erva" ou, só pelos iniciados, de "Rafa" - uma abreviatura da expressão "O Rafael tá ai?" para saber se havia fumo no pedaço.


Trecho do livro "Chega de saudades, a história e as histórias da bossa nova" de Ruy Castro

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